quarta-feira, 20 de novembro de 2024

 
O Poder do Silêncio





Um dia desses em meio a tantas palestras que tenho com uma pessoa muito especial para mim, fitando aqueles olhos tão cheios de vida que me observam com um calor que aquece meu coração, focamos no poder do silêncio.

Existe uma força sublime no silêncio que poucos ousam compreender. É como se um rio profundo corresse em surdina, sem fazer alarde, mas esculpindo montanhas ao longo de sua jornada. O silêncio, por vezes, é mais eloquente do que as palavras, carregando consigo a sabedoria de quem conhece o peso de cada som que decide não emitir.

É como calar-se diante do insulto, incitando certa coragem refinada. Quando alguém nos tenta ferir, o silêncio se transforma em uma espécie de escudo impenetrável. Ele não apenas protege, mas desnuda o vazio das ofensas, ecoando no agressor o ruído do próprio descontrole. Há uma nobreza em recusar-se a alimentar o fogo da discórdia com palavras inflamadas.

E o que dizer sobre o silêncio prudente diante de quem chega trazendo histórias alheias? Não é omissão, mas discernimento. Calar, nesse instante, é um gesto de delicadeza que preserva ambos os lados, um refúgio seguro onde  a integridade repousa, intacta.

No amor, ah, o amor! Esse trás consigo uma poesia harmônica própria. Há momentos em que as palavras se tornam insuficientes, beirando a trivialidade, e então os olhos assumem o papel de falar. É nesse olhar mudo que mora o mistério de um amor protegido, cultivado no segredo da alma. O silêncio do amor não é ausência; é cuidado, é reverência. Guardar o amor em silêncio é como proteger uma chama delicada do vento, permitindo que ela cresça sem riscos de se apagar.

O silêncio da sabedoria. Aquele que opta em se calar mesmo quando está certo, confia que o tempo será o próprio mestre. É preciso grandeza para conter a própria razão e permitir que o outro trilhe o caminho da descoberta. Não se trata de abandono, veja bem, mas de amorosa paciência, de saber que a verdade não precisa ser dita para existir.

Silenciar é uma virtude que exige força e sutileza. É a arte de compreender que nem tudo  merece resposta, que nem todo eco precisa de som, e que o mais alto clamor, às vezes, vem do que não é dito. No silêncio, encontro a mim mesma, e é nele que descubro que, muitas vezes, a vida fala mais quando eu apenas me permito escutar.

E assim, o silêncio se torna mais do que uma escolha; é um estado de graça, onde encontro a liberdade de ser, sem me justificar, explicar ou argumentar. É o meu refúgio, onde o mundo se aquieta e eu posso ouvir a voz da minha própria essência.

Enquanto o mundo grita em busca de atenção, tenho escolhido calar e ouvir o que realmente importa, porque o silêncio é a verdade mais pura que tenho a oferecer ao mundo, pois é nele que reside a minha força, a minha poesia e a minha história.

 

Silêncio! <3

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